quinta-feira, 5 de maio de 2011

O verdadeiro Joãozinho


O curta-metragem Joãozinho, Bu!, de Rafael Martins, foi o mais votado depois de quatro dias de mostra de cinema. O diretor ainda não presenciou a exibição de seu curta a um grande público e ensina: "para trabalhar com o universo infantil é preciso ser criança durante o processo criativo".

Rafael “Chuck” Martins, 28 anos, nasceu em Jundiaí, São Paulo. Morou por quatro anos em Florianópolis e, ano passado, formou-se em Cinema pela UNISUL, de Santa Catarina. Atualmente vive em Sorocaba, cidade do interior paulista, onde passou a maior parte de sua vida. Quando assistiu “Jurassic Park”, aos 11 anos, teve uma visão: "Uau! dá pra fazer isso? Eu quero!”. Desde o primeiro encontro nos anos 90, Steven Spielberg tornou-se uma referência nas telas. “Fora dela, o ser humano em geral, e suas diversas faces”, ponderou. No momento está trabalhando num roteiro novo e, por enquanto, não revela mais detalhes. Quando era criança tinha medo de fantasmas e da hora de dormir. Rafael dirigiu o filme “Joãzinho, Bu!”, o grande vencedor do Prêmio Cia. Hering de Melhor Curta-Metragem da 1ª Mostra de Cinema Infantojuvenil de Blumenau. Leia a admirável entrevista que ele fez por e-mail à equipe da mostra.

Qual a sensação de ganhar um prêmio decidido por um júri popular?
Satisfação completa por saber que o filme agradou o público a quem ele foi especificamente feito, no caso, crianças e jovens. E sabemos que não é muito fácil agradá-los.

Quais são e como lhe foram apresentados os contos populares que o “Joãzinho, Bu!” foi baseado?
Exatamente como no filme. Ele é de certo modo autobiográfico. Joãozinho representa exatamente eu quando ouvi a história narrada pela minha prima numa roda de crianças, e fantasiei tudo com as características de meu próprio mundo. Era minha casa, minha mãe, minha vizinhança e, claro, eu era o Joãozinho.

O Joãzinho, Bu!, venceu o Fita Crepe de Ouro em 2009 e recentemente foi selecionado para a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Como está a trajetória desse curta-metragem? Participou de outros festivais? E os planos futuros?
O filme demorou um pouco para ser totalmente finalizado (e acho que nenhum diretor nunca achará seu filme pronto o suficiente). Agora é que comecei a inscrevê-lo em festivais nacionais e internacionais. Sobre o futuro não sei bem o que dizer... É ainda um mundo novo! (risos)

O terror/ficção infantil é um gênero moderno, qual é o desafio para atingir esse público específico?
Acho que não só para o terror infantil, mas para qualquer circunstância em que envolva um tema infantil, ou mesmo quando se trabalha diretamente com crianças. É preciso sempre resgatar dentro de si a criança que se foi um dia. Pode parecer piegas, mas funciona! Veja, sinta e seja uma criança durante o processo, pois essa é a chave. No meu caso, lembrava sempre dos meus principais medos quando criança: fantasmas, escuro, fantasmas no escuro...

O teu filme foi um daqueles que fez o público reagir intensamente aqui em Blumenau. Já presenciasse esse efeito que ele causa em outras sessões? Qual tipo de inspiração você tira dessas experiências?
Eu infelizmente (e infelizmente MESMO) não pude presenciar ainda uma exibição do curta a um grande público, pois sempre algum inconveniente me impossibilitou de ir até o local. Mas eu mesmo sempre tento mostrar o filme para alguém, e quanto mais gente melhor. Se forem crianças, melhor ainda! Ah, é um barato perceber os pulinhos das crianças, e de alguns adultos.

Além da direção, roteiro, produção, edição e maquiagem (ufa), a belíssima canção original “Joãzinho, Bu!” também é assinada por ti e Eduardo Prado. Você também 'ataca' profissionalmente na área musical?
Quanto à música, ela era inicialmente um poema que escrevi no projeto inicial do filme. Era para ser apenas uma liberdade artística. Quando o Edu (Eduardo Prado) viu a poesia, e naquele dia estávamos pensando numa canção para o filme, ele me olhou e disse; "Mas isso é perfeito! Está aqui!". Ele trabalhou nos arranjos e na melodia, e o resultado tá aí.

E sobre a origem do apelido Chuck?
O apelido Chuck é apenas uma brincadeira sobre um macacão jeans e um e tênis vermelho que eu tive. Como para o surgimento de um apelido qualquer motivo é motivo, aquela era a roupa do brinquedo assassino. Pronto: Chuck.

Qual filme marcou sua a infância/adolescência? Por quê?
Quando criança, "Jurassic Park" me fez entender que eu queria fazer filmes... E se tornou meu filme favorito até hoje. Mas quando mais velho, a trilogia do "Senhor dos Anéis" me foi um combustível à parte. Ao final do terceiro filme, me preparei para ingressar na Faculdade de Cinema. E tanto o “Jurassic Park” quanto a trilogia do "Senhor dos Anéis" me encantaram pelo seguinte: São histórias bem contadas com todos os principais elementos de uma boa história. E pra mim uma das principais características do cinema (e que eu sou apaixonado) é o "contar uma história".

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